Tudo começou com a carta. Os últimos dias de celebridade da União tiveram na epístola um proémio.
A semana passada começava com a carta do Presidente da UE em exercício – leia-se, o nosso Primeiro-Ministro. José Sócrates dirigiu uma missiva aos líderes europeus, na tentativa de ultrapassar questiúnculas, problemas e adversidades que alguns Estados-Membros encontravam na versão a aprovar do Tratado Reformador.
Os italianos zangados com a perda de eurodeputados, os britânicos com tudo-o-de-sempre, os polacos com um rol reivindicativo extenso que nos faz perguntar que curvas e contracurvas terá percorrido aquele país, para do comunismo chegar a este ultra-conservadorismo que a UE tolera e sei lá eu porquê – porque tolerar?… E depois de um sinuoso percurso mental, relembro os porquês das curvas da Polónia e da tolerância da Europa…
A verdade é que na madrugada de quinta para sexta-feira da semana passada, os Presidentes José Sócrates e José Manuel Barroso (antes conhecido como José Manuel Durão Barroso, mas a babel europeia não tem contemplações fonéticas para sons de irrealizável pronúncia) anunciaram o consenso, o alcance da meta: os 27 assinarão o Tratado Reformador. Que passa a ser conhecido como «Tratado de Lisboa». Confesso, sem qualquer ironia, que não diria melhor do que Sócrates: «Porreiro, pá. Porreiro». Claro está – pá – que eu sou uma europeísta convicta, vigorosamente convicta.
Ainda a Europa estava a celebrar – ou, no caso dos cidadão menos próximos da União (e ele há tantos e tantos e tantos), a descortinar – o fim do impasse, já a Polónia se antecipava ao reality check que o Presidente da UE lançou esta manhã, no Parlamento Europeu, e «acordava» dos anos de reinado trágico do surrealista dueto Kaczynski. Foi-se Jaroslaw, demora-se Lech – que já prometeu o veto presidencial a todas as medidas de cariz liberal que atravessem a porta do palácio do presidente. Como a vitória sorriu aos liberais da Plataforma Cívica de Donald Tusk, é de antecipar intensa actividade pelo gémeo que sobra.
O despertar polaco veio em boa hora, e o novo Primeiro-Ministro de um centro-direita pró-europeísta era tudo o que a União pedia para a festa rija da comemoração. Se os líderes europeus anuíram no «sim» ao Tratado, a resposta polaca à missiva de José Sócrates foi duplamente positiva.
Temos, portanto, um gémeo a menos. Temos um «Tratado de Lisboa». Não temos referendo, mas, como afirmou ontem Manuela Ferreira Leite, na Renascença – e parece teima a concordância com a ex-Ministra, mas não é, acontece – um referendo ao novel «Tratado de Lisboa» não tem sentido, dada a irreversibilidade da integração de Portugal na Europa.
Cartas, essas, dá a nossa presidência. Com ajuda dos que antecederam – no caso da senhora Merkl, que antecedeu – e dos que seguem.
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