Lendo-se a notícia, fica-se a saber que a vítima deste boicote estúpido e mau não tem sida, é simplesmente seropositiva – uma diferença que faz ou devia fazer parte da cultura geral de qualquer jornalista nos dias que correm. Mas o “Correio da Manhã” abdicou de registar esse facto no título, e preferiu fazer coro com a população ignara, nesta versão pós-moderna da caça às bruxas.
É verdade que os leitores do CM podem ter dificuldades com os polissílabos (se-ro-po-si-ti-va), e que VIH ou HIV não são siglas muito evidentes; mas o CM também podia ter escrito no título “com vírus da sida” (como de resto fez no corpo da notícia) e, preferindo simplificar, acabou por ser lamentavelmente simplista.
Agora um ponto importante: a diferença entre direita e esquerda continua a fazer todo o sentido, mas não é para aqui chamada; no plano das ideias (e é porque os jornais são poderosos veículos de ideias que merece a pena perder tempo a criticar os títulos do CM), a grande diferença (que não se sobrepõe senão tendencialmente à anterior) é a que opõe o obscurantismo às luzes; ora títulos como este (e o aqui referido na semana passada) são títulos obscurantistas – e bem poderiam os seus autores defender o fim do Estado e a felicidade geral que continuariam a ser, objectiva e lamentavelmente, um bando de reaccionários.
EU ACHU ESTA CITUAAO MUITO EMBARAOSA PARA PORTUGAL VISTO QUE NAU EXISTE SO PRECONCEITO EM RELEAO A COR DA PESSOA MAS TAMBEM AO SEU ESTADO DE VIDA